A Firma

A Firma

O negócio principal do Brasil é a dominação da grande maioria das pessoas por um grupo pequeno. Esse grupo pequeno tem acesso a informações, armas e muito dinheiro, e trabalha permanentemente para que a grande massa não tenha nada disso. O trabalho é tão eficiente que a maioria das pessoas desenvolveu horror a armas, consome fofoca e lixo como se fosse informação, e vive mergulhada em necessidades e dívidas. Você pode chamar esse pequeno grupo dominante do jeito que você quiser. Eu chamo de A Firma. Qual é o negócio da Firma? É retirar o máximo de riqueza da população em geral e concentrar essa riqueza nas mãos de poucos. Isso já foi explicado pelo Nobel de Economia Douglass North no seu livro “Institutions, Institutional Change and Economic Performance”, por James A. Robinson e Daron Acemoglu em “Porque As Nações Fracassam” e por Niall Ferguson em “A Grande Degeneração”. No Brasil a Firma implantou uma economia “extrativa”, onde a maioria trabalha para o bem-estar de poucos. Sempre foi assim, mas na pandemia tudo ficou evidente. O que estamos observando? Uma pequena parte da população, instalada em casa ou em residências de praia ou campo, vivendo uma vida melhor que a normal, recebendo salários e rendas em dia. Enquanto isso, a população afunda em um lamaçal de desespero e pobreza. O trabalho que a Firma fez é tão eficiente que boa parte das pessoas ainda aplaude essa distopia – batizada, pelo departamento de marketing da Firma, de “Fique Em Casa”. A Firma confisca quase a metade de tudo que você ganha (exemplo aleatório: na compra de um aparelho de TV, mais da metade do preço são impostos). É necessária autorização da Firma antes que você possa abrir uma loja, vender comida, casar, separar, comprar um imóvel, vender um carro, contratar ou demitir um empregado ou até usar um remédio. Quase nada pode ser feito no Brasil se a Firma não autorizar. A Firma já controlava o sistema de educação. No sistema “público” o controle é direto: a Firma contrata os professores e cria todos os incentivos para que os professores sirvam à Firma, e não aos alunos.  As escolas privadas também são controladas pela Firma do jardim de infância ao pós-doutorado através de normas e regulamentos. As escolas só ensinam o que a Firma determina. A Firma controla os sindicatos de professores. Na hora de fechar as escolas, ficou fácil. No Brasil a Firma também controla a cultura, usando o melhor instrumento: dinheiro. Filmes, livros, música, exposições de arte e programas de TV só têm chance de sucesso – ou de existir – se a Firma deixar. A situação no jornalismo é idêntica. As notícias que chegam até você, 24 horas por dia, são as que a Firma selecionou. O controle da Firma sobre a economia é total. É ela que determina tudo, das taxas de juros à taxa de inflação. A meia dúzia de bancos que achaca os brasileiros está à serviço da Firma. A Firma faz as leis e decide como elas são aplicadas. A Firma julga e condena, prende ou solta, quem ela quiser, quando ela quiser. A Firma tem sempre uma oferta que não conseguimos recusar. A Firma tem a solução para todos os nossos problemas. A menos – é claro – que o problema sejamos nós.    

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Recomendações de Leitura

Institutions, Institutional Change and Economic Performance

Douglass North

  

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Porque As Nações Fracassam

James A. Robinson e Daron Acemoglu

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A Grande Degeneração

Niall Ferguson

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